Passeando
pela internet acabei esbarrando em uma nova tendência norte-americana que soou
meu alerta mental. Isso virou assunto aqui no meu blog por três motivos
simples: porque tendências norte-americanas costumam chegar aqui no Brasil,
porque serve também para outros produtos e porque achei um absurdo ambiental!
A tendência de colares de pérolas e das ostras:
Colares
de pérolas não são uma novidade no mercado. Sempre foram muito bem vistos e
requisitados. A grande novidade está nas marcas norte-americanas que começaram
a vender colares que vem com uma ostra para que a própria pessoa abra, colete a
pérola e coloque dentro da estrutura para usar.
Essa
moda têm sido divulgada através de vídeos de pessoas satisfeitas ao receber,
que compram como presentes para pessoas que amam, para uso próprio ou mesmo
para usar como colar da amizade em grupos... Mas ela é um perigo e mais um
indício de que a humanidade não tem limites!
Mas a
grande verdade é que não há beleza nesses colares.
O motivo de eu não gostar dessa moda e pelo qual você também não deveria
apoiar:
Essa é a realidade sobre todo colar de
pérolas: cada pérola vem de um animal que sofreu e morreu apenas para que
alguém compre um produto que, sejamos sinceros, não é realmente necessário.
Imagem retirada da internet. Se você conhece ou é o dono da foto, envie um e-mail para ter seus créditos ou para solicitar
a remoção da imagem.
Caso
você ainda não saiba, as pérolas são produzidas pelo mecanismo de defesa de apenas
alguns tipos de ostras. Isso significa que, para que cada uma seja feita, é
preciso que elas sofram irritação por grãos de areia, parasitas ou até mesmo
pedras. Até aqui você já deve ter entendido que elas sofrem bastante, não?
Conversando
com uma estadunidense descobri que as ostras usadas para a produção de joias de
pérolas provém de fazendas especializadas nisso. Com minha curiosidade
desperta, fui atrás de informação para entender melhor o que acontece ali.
O
processo de produção das pérolas para joias ocorre assim: fazendas
especializadas criam ostras durante uns anos até que atinjam a maturidade,
então retiram dos tanques para que elas se abram na falta de água. Quando abrem
suas conchas, um calço é colocado para que permaneçam abertas e seus
cultivadores “forçam” para que abram mais, afim de inserirem o objeto que
incomodará seus interiores. Apenas nesse processo, metade das ostras são mortas
por causa da força que fazem para a abertura.
Quando
a pérola está pronta, grande parte das ostras morrem durante a retirada, seja
por conta da violência utilizada para arrancar (porque as pérolas, em muitos
casos, fica grudada à casca), ou seja por conta da falta de cuidado durante a
abertura.
No caso
da grande novidade da moda (que foi o motivo de eu escrever esse texto), a
empresa envia a ostra para que a própria pessoa abra e recolha a pérola. Ao meu
ver, isso deveria fazer a consciência delas pesar ainda mais, mas a realidade é
que não se importam, e ainda acreditam que usar esse colar é um símbolo do
quanto amam o mar.
Itens
feitos de pérolas não são realmente necessários para a vida humana, e continuam
a ser produzidos apenas porque ainda existem pessoas que não tem consciência a
respeito do que causam a outros seres vivos. O mercado só pode continuar onde
houverem compradores, por isso as grandes empresas não podem ser as únicas
responsabilizadas por cada ato industrial que prejudica a natureza. Nós temos
responsabilidade sobre o que compramos e incentivamos, e qualquer mudança nesse
cenário precisa começar em nós mesmos.
Animais
ainda passam por isso para que pessoas usem joias em um mundo que já possui a
capacidade de fazer pérolas artificiais. Esse é um aviso para que, antes de
seguir qualquer moda, você pense duas vezes e decida não ser mais um
encorajador desse tipo de indústria.
Atualização para evitar comentários sem fundamentos:
1 – Ostras não sentem dor?
Muitas
pessoas dizem que ostras não sentem dor, porque apesar de possuírem sistema
nervoso (que garante que elas sintam a presença/ausência de água e a mudança de
temperatura), não possuem um cérebro como os humanos.
A
princípio, essa é a principal questão que faz as pessoas comprarem esse tipo de
produto: pensar que os animais não sentem. A verdade é que sim, as ostras não
possuem um cérebro como os dos humanos, mas isso não significa que não sentem
dor. Apenas que funcionam diferente de nós, assim como todas as outras espécies
de animais.
Até um
tempo atrás a teoria era de que animais não possuíam a capacidade de ver cores,
porque seus cérebros são diferentes dos cérebros humanos (e o ser humano tem a
mania de pensar que é a única espécie que funciona). A questão é que já foi
comprovado que eles veem cores, e isso nem precisaria ser estudado: os animais
possuem sistemas de camuflagem fundamentados em mudanças de cores.
Você já
deve ter entendido que comparar o funcionamento de outras espécies com o
funcionamento dos seres humanos não dá certo, não é?
2 – Você não precisa ser vegano ou vegetariano para apoiar a
preservação de todas as vidas.
Outra
questão levantada sobre a proteção aos animais em relação ao mercado da beleza
é se as pessoas comem ou não carne. Isso intimida muitas pessoas e acaba por
diminuir uma luta que deveria ser de todos.
Quando
você mata um animal para comer, isso tem uma finalidade natural. O corpo humano
precisa das proteínas e de outras substâncias que a carne contém (por isso
vegetarianos e veganos normalmente precisam começar a tomar suplementos
alimentares em determinados períodos da vida, e isso não é um texto contra o
vegetarianismo ou veganismo, mas é uma informação útil e verídica para o caso
de você estar pensando em se tornar um). Da mesma forma que os felinos, lobos e
outros carnívoros precisam comer, nós também precisamos.
Matar
animais para o consumo no mercado da beleza não tem qualquer semelhança com
isso. Porque eles são mortos sem finalidade, para produtos de que o ser humano
não tem qualquer necessidade básica.
Você
pode sim ser vegano ou vegetariano.
E você
pode sim comer carne e mesmo assim lutar pela preservação da vida dos animais
na produção de produtos que não são necessidades básicas humanas.
E todos
nós podemos lutar juntos por uma boa causa.
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